quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O Pampa que eu não quero


Ao ler o ensaio de Washington Novaes percebi a desenvoltura e conhecimento sobre o tema que estava abordando: o Cerrado. Ao pesquisar mais a respeito deste articulista, percebi novamente o quão preocupado é com as questões ambientais. Jornalista especializado na área ambiental, conhece todos os projetos que estão em andamento para aprovações de leis ambientais que regularizem a exploração humana da natureza. E concentra seu discurso neste bioma o qual tem propriedade para escrever, pois é morador desse ecossistema.
Eu, como morador da campanha gaúcha, não arriscaria meu texto a respeito de um local ou assunto que não conheço. Sobre o ensaio de Novaes, apreciei como leitor, e meu conhecimento reduziu-se àquilo que foi exposto nas páginas da revista National Geographic. Teria certa dificuldade para abordar os aspectos desta região. A pesquisa tomaria meu tempo, e tempo é coisa que não se pode perder no mundo dos jornalistas, devido ao dead line. Assim, tomarei como espelho o ensaio em questão e focarei estas palavras ao lugar que resido e que trás um nome de origem quéchua. Este lugar se chama “Pampa”.
“O Pampa é assim um mundo velho sem fim” já dizia o poeta Antônio Augusto Ferreira. Para nós habitantes deste universo que a ciência classifica como bioma, o Pampa não se resume a um elemento do ecossistema brasileiro, até porque adentra o Uruguai e a Argentina. Muito mais do que isso. Para os daqui, é sinônimo de querência, de pago, lugar que se vive e se gosta de viver. É um bairrismo excessivo por parte deste povo, mas afinal, é o que nos torna diferente. Há um valor na alma das pessoas deste canto de país, e que este insiste em renegá-lo. Assim como faz com nossa geografia, desconsiderada ante as políticas públicas do meio-ambiente, com o povo se repete. Será que existe uma inveja que vem dos olhos daqueles que se incomodam com nossas virtudes? A palavra Pampa remete à cultura, aos costumes, à antropologia e a sociologia estudada por teóricos preocupados conosco.
Saio de São Borja, localizada nas missões e me dirijo até onde morei anos: Lavras do Sul, na região Sul do Estado. Nesta cidade onde a terra é roxa e fértil, os campos dobram em coxilhas e mais coxilhas, que são leves acidentes geográficos que caracterizam àquela região. De vez em quando, cerros de pedra se erguem no horizonte mudando um pouco a paisagem que se emoldura num pôr-do-sol tão bonito quanto o do Rio Uruguai. Nas coxilhas pastam animais que não causam curiosidade a ninguém. São bois, ovelhas e cavalos, animais que movimentam a economia rural e têm ligação direta com o gaúcho, pois o condicionaram, assim como a campanha.
Nos peraus é onde a vegetação modifica-se um pouco. O acinzentado das pedras abriga tunas, que são espécies de cactos, porém mais baixos e arredondados, e palmeiras que se distribuem de quinze em quinze metros. Butiazeiros também marcam presença, e na erosão que o vento faz nas pedras, se estabelecem casas de camoatim, que são pequenas abelhas que produzem um mel para seu próprio consumo, e que o homem não se arrisca a colhê-lo, pois sabe o dolorido da sua picada. Quem se arrisca imprudentemente, não sabe do desequilíbrio que causa a espécie, pois sua extração causa o abandono da casa e a morte dos animais.
Nos galhos altos das árvores sentam caranchos, um gavião do sul, que espreita animais que estejam fragilizados para depois atacar. Assim como os corvos, outro predador que voa em círculos até perceber que existe comida para si. Preferem os cordeiros recém nascidos que são mais vulneráveis. Os graxains, cachorros do mato que vivem solitários, também preferem os cordeiros. Está ameaçado pela ação de outro predador que mata pelo prazer: o homem. Não o gaúcho a trabalho, que as vezes se torna obrigado a fazê-lo para defender a produção do patrão. Mas o que empunha a espingarda e vai para o mato de beira de arroio caçar capincho e tudo o mais que encontra pela frente. O capincho é como os gaúchos chamam as capivaras, maiores roedores do mundo, e que também se encontra ameaçado por este tipo de ação. Nestas caçadas, não existe piedade. Desde o capincho que está prenhe até o inocente sorro que cruza o caminho, ou veado que salta de trás de algum arbusto. Existe a necessidade? Não. O objetivo é não outro o que comer uma carne exótica.
De volta aos campos enxergamos um homem a cavalo cruzando uma várzea estendida depois de um capão-de-mato. Intercala um cigarro e um assobio que se escuta de longe pelo silêncio característico. Observa-se sua indumentária, quase toda oriunda do couro do boi, munida de botas, chapéu grande, bombacha, camisa e tirador, que é um grande pedaço de couro sovado que se ata a cintura para defender a queimadura do laço quando se precisar. O cavalo pelo cogote se distingue que se trata de um Crioulo, raça tradicional usada para o serviço. Nos arreios vê-se o pelego que saíra dum carneiro merino, ou ideal. Os estribos são de ferro, já escurecidos pelo uso, e o laço, também extraído do boi, vai enrodilhado atado por um tento de couro à argola do basto na parte de trás. Este é sua principal ferramenta para lidar no campo na ausência das mangueiras.
Apeia para abrir a porteira e se depara com uma imensa lavoura de soja. Sente-se um peixe fora d’água. Não entende por que o patrão resolvera virar tanta terra e plantar uma só cultura. Florestas de eucalipto também fazem parte do cenário. É cada vez mais campo virado e mais eucaliptos para engordar a receita de quem planta e das empresas de celulose. A monocultura extensiva tomou conta da paisagem e se perde no horizonte. O gaúcho preocupa-se: para onde irá quando não tiver mais campo? Conhece vários parentes e amigos que se obrigaram a sair da campanha e ir tentar a sorte na cidade. Estes se aglomeraram nas vilas, no subúrbio, inflando a periferia para serem vítimas do descaso político mais uma vez. A primeira, fora no campo, onde o governo financia a agricultura em larga escala em detrimento da agricultura familiar. Sem incentivo, as famílias migram para as cidades para aumentar os números estatísticos do êxodo rural. A segunda está sentindo na pele. Mais uma vez os centros são lembrados, e as comunidades em torno, esquecidas. Um problema social que o Estado deveria solucionar, quando o acaba gerando.
Frutos da Revolução Verde da década de 1960. Uma medida que foi criada para matar a fome das pessoas. Além de não fazê-lo, concentrou o latifúndio e a renda para estes. Utilizou agroquímicos degradantes ao meio-ambiente, alterou o modo de vida dos pequenos agricultores, tornou-se dependente de sementes geneticamente modificadas, e, por fim, expulsou os agricultores para a cidade. A produção aumentou de fato, de forma insuficiente para a fome nacional, em detrimento da cultura e da natureza. Sintetizando, a revolução verde em benefício de poucos, destruiu o patrimônio de muitos. Precisamos criar uma nova nomenclatura para este fenômeno desastroso.
De volta à terra vermelha de São Borja, o que predomina é o arroz. Cidade conservadora que não consegue abrir os olhos para a mudança. Dentro de suas concepções, o município não seria nada sem os orizicultores. Na praça central vê-se um índio vendendo chás. A reserva de seus ancestrais talvez tenha sido grilada anos atrás pelos mesmos que hoje se dizem geradores de emprego e renda. Os cidadãos não leem. Precisam ler mais. Ler textos alternativos, livros e revistas que possuam o mínimo de credibilidade. A leitura forma opiniões e estabelece consciências. Consciências estas que serão fundamentais no futuro para a preservação do nosso lugar. O Pampa necessita de pessoas com o raciocínio a frente dos demais. Nosso bioma está sumindo aos poucos. Veja-se há 50 anos quando tudo era campo aberto, sem divisas, sem lavouras, e a comunidade rural era responsável por 68,86% da população gaúcha e a agricultura familiar – atualmente responsável por 70% dos alimentos que vão a mesa dos brasileiros - ainda era promissora. Hoje a população rural figura com 19,2% somente. Lembrando que a revolução verde teve seu princípio na década de 1960 justamente para fixar o homem no campo, e 50 anos depois, vejamos seu resultado.

Ensaio escrito para a disciplina de Laboratório de Jornalismo Impresso III

sábado, 9 de fevereiro de 2008

O divisor de águas da música gaúcha


Há quem diga que a música gaúcha divide-se em antes e depois de Mário Barbará. Vencedor da Califórnia da Canção Nativa em 1975 e 1981 com Roda Canto e Desgarrados respectivamente, ele escreve, faz melodias e canta, com seu estilo Música Popular Gaúcha de compor.

No dia 29 de novembro de 2007, Mário Barbará Dornelles recebeu-me no seu apartamento no centro de São Borja. Estava quente, cerca de 32 graus, como é característico da cidade, uma das mais quentes do RS. Há algum tempo sua pauta estava pronta. Faltava-me tempo, em virtude das provas, trabalhos e seminários que a faculdade exige. Ao chegar, sua esposa pediu que eu entrasse. Mário levantava de uma sesta às 18hs, horário que combinamos a entrevista por telefone.
Possui uma humildade característica das pessoas inteligentes e de grande valor. Desprovido da soberba e da arrogância de muitos que não chegam nem aos seus pés, percebe-se que Mário não sabe o quanto sua música e si próprio são importantes para a cultura. Pouco difundido nas emissoras de rádio do estado - eis um dos motivos para o fenômeno de aculturação dos jovens – Mário não se importa com publicidade do seu trabalho ou a fama, sejam freqüentes ou não em sua vida. Participou do Circuito Universitário em julho e agosto/07 nas principais cidades do RS, juntamente com Os Angüeras, Yamandu Costa, Renato Borghetti e Miguel Bicca. Visivelmente gosta de animais de estimação. Cuidava com carinho de um poodle de sua filha, deixado no apartamento para que ela viajasse.
Na sua sala pequena, Mário foi lacônico, mesmo assim, ainda tocamos violão, tomamos mate e procedemos a seguinte entrevista.

Há algum parentesco com Getúlio Vargas?
Sim, existe algum parentesco, mas não sei dizer qual.

Por que motivo afastou-se dos festivais?
Diminuí as composições. Depois de um certo tempo a gente começa a compor menos.

Os festivais viraram indústria?
Penso que sim porque há pessoas que sobrevivem exclusivamente deles.

A música gaúcha está no caminho certo?
Sim, e a música dos festivais é a melhor do Rio Grande do Sul.

Ainda compõe, canta e toca?
Sim.

Que sentimento aflora quanto te vês em apresentações antigas em vídeo, como as do DVD do Galpão Crioulo?
Ah...! Sempre é bom ver né! É muito bom ver.

Um poeta?
Bauer. Rillo.

Um poema?
Roda Canto, Colorada, Era uma vez.

Um cantor?
Pra mim o João de Almeida Neto é o melhor cantor do Rio Grande do Sul.

Uma música sua?
Desgarrados.

Uma música qualquer?
(pensativo) "Cordas de Espinho" do Luiz Coronel.

Existem novos Rillo’s e Napp’s?
Sim, existem. Temos novos poetas tão bons quanto eles. Rodrigo Bauer, Gujo Teixeira e Mauro Ferreira são exemplos disto.

Quantos discos tens gravado?
Tenho um LP e dois CDs.

Tens gravado?
Sim. Ano retrasado gravei o CD “Equilíbrio”.

Conte como surgiram suas principais canções, como: Desgarrados, Onde o Cantor Expõe as Razões do seu Canto, Roda Canto e Xote da Amizade.
Algumas canções eu demoro, outras são rápidas. “Desgarrados” eu compus com muita rapidez. Foi um momento feliz onde peguei o violão e ela saiu, simplesmente. “Onde o cantor expõe a razão do seu canto” demorou um pouco, assim como “Roda Canto”. “Xote da Amizade” compus em Porto Alegre, foi bem rápido também.


Marco Antônio Loguércio (letrista e genro de Rillo) disse que a música gaúcha divide-se em antes e depois de Mário Bárbara. Qual sua opinião?
Ah, ele disse isto é?! Pois eu fico muito feliz de ser considerado o divisor de águas da música gaúcha, inclusive por nomes expressivos como Luiz Carlos Borges, porque eu sempre tentei fazer uma música muito minha.

O que é mais importante na música, a técnica ou o sentimento?
(dúvida) Acho que a música é antes de tudo sentimento. Podendo aliar, melhor.

Que música o Mário Barbará escuta e gosta?
Tenho escutado Marco Aurélio Vasconcellos, Jean Garfünkel, Chico Buarque, Marcello Caminha, Beattles. Escuto bastante coisa diversificada.

Como é a sua vida hoje?
Quando posso, faço shows. A atividade pecuária me toma um bom tempo também.

Gremista ou Colorado?
Sou gremista.

O que gosta de comer?
Churrasco, lasanha.

Nas horas vagas, o que gosta de fazer?
Olhar DVDs musicais.

Quantas músicas tens gravada?
Setenta ou oitenta eu acho.

Qual primeiro festival que participaste e com que idade?
Foi um festival de músicas carnavalescas com 17 anos. Foi um horror. Na Califórnia participei da 3ª edição com a música Nosso Chão.

Ainda vai a Barranca?
Sim, todos os anos.

Acompanha o cenário político nacional atualmente?
Mais ou menos.

Qual sua opinião sobre o Senador Renan Calheiros?
Bah!

Qual seu posicionamento político?
Não tenho partido político, sou centrista.

Sua opinião sobre o MST?
O MST ninguém agüenta.

Satisfeito com o governo Lula?
Não muito satisfeito. Muito imposto.

domingo, 26 de agosto de 2007

Um intelectual regional


Inteligência e sentimento unidos dentro de suas poesias o fizeram um dos maiores poetas gaúchos

“Olha o dourado que bateu no espinhel”! Assim gritou um balseiro que pescava na popa de uma balsa no Rio Uruguai em São Borja, sob o olhar e ouvidos atentos de Apparício Silva Rillo, na companhia do parceiro e compadre José Lewis Bicca que admiravam as lidas destes. “O Rillo me convidou para irmos até a margem do rio observar os balseiros nesta tarde”, diz Bicca. Esta simples frase deu origem a uma das músicas gaúchas mais conhecidas de todos os tempos. Rillo percebeu o grito, e acrescentou:
- “Traz a canoa que rio fundo não dá pé”.
Assim, escreveu “Cantiga de Rio e Remo” que Zé Bicca veio a musicar posteriormente.
Filho de Marciano de Oliveira Rillo e de Lélia Silva Rillo, Apparício Silva Rillo nasceu em 8 de Agosto de 1931, em Porto Alegre.
*Com a indicação de haver nascido na capital do Estado, seu registro civil de nascimento foi efetuado na cidade de Guaíba, circunstância que, mais tarde, viria a trazer não pequenos incômodos ao poeta. Alguns de seus documentos pessoais apontavam Guaíba como seu local de nascimento, dado que o registro em si trazia o timbre, como já referido, do cartório daquela localidade. Até hoje, inclusive, não são poucos os que juram ter Apparício nascido na cidade berço de José Gomes de Vasconcelos Jardim - um dos pró-homens da Revolução Farroupilha. O que, dizia o poeta, muito o enobrecia. "Minha raiz mais funda é guaibense", confirmava.
*Em Capela de Sant'Anna o poeta cumpriu o que chama sua "iniciação" em costumes campeiros. O estabelecimento de experimentação agrícola dirigido por seu pai, locado em três quadras de campo, era uma espécie de média estância. Além dos trabalhos agrícolas de rotina, havia um posto de remonta com um diversificado plantel de reprodutores, um plantel de vacas mansas e dezenas de cavalos para o serviço. Desse contato com os hábitos campeiros comuns aos homens que trabalhavam no Posto de Sementes, das conversas com os peões encarregados das tarefas diárias, nasceu-lhe o gosto, que já vinha de berço (o pai era filho de estancieiro), pelos costumes mais autênticos da vida rural gaúcha. De Capela e desse tempo ficou-lhe o embrião de que surdiria mais tarde - flor agreste - a poesia de cunho regionalista.
*Porto Alegre e sua vida agitada se tornara pesada ao poeta. Noivo de Suzy Maciel de Araújo - com quem viria a casar-se em maio de 1954 -, o tempo tomado pelo trabalho e os estudos à noite, na faculdade, pensava em deixar a capital para casar-se e tentar a vida no interior. Soube, então, de uma vaga como contabilista num distrito rural de São Borja, a seiscentos quilômetros de Porto Alegre. No caso, um grande empório comercial situado na vila Nhu-Porã (Campo Lindo, em guarani). Pediu demissão da empresa onde trabalhava e, a dez de outubro de 1953 (dia do padroeiro de São Borja, viria a saber mais tarde), Silva Rillo descia do trem na estaçãozinha de Nhu-Porã com armas, bagagens e esperanças.
*Na época o tipo social do gaúcho mostrava-se ainda por inteiro em suas características mais autênticas. Nos fins de semana uma centena de homens, pelos menos, vinha para Nhu-Porã, a maioria para divertir-se nos inúmeros bolichos onde encontravam a cachaça boa, a carpeta para o jogo do truco e as canchas para a bocha e o jogo do osso. Nesse meio viveu Rillo durante cinco anos, em contato permanente com os tipos mais singulares de nossa vida campeira: o fazendeiro e os peões de campo; o capataz e os esquiladores de safra; o tropeiro e os domadores; o carreteiro e os contrabandistas de médio e pequeno porte; o jogador profissional e os simples "orelhadores de sota" dos comércios de carreira.
*Vivenciou o dia-a-dia dessa gente, seus hábitos e costumes; aprendeu a selecionar lã, couros e peles; escutou centenas de histórias; divertiu-se com as patacoadas dos campeiros; tornou-se aficionado da carreira de retas e do jogo de truco, em que foi hábil atirador. Em suma, adaptou-se rapidamente ao modo de vida da Nhu-Porã daquele tempo, a ponto de considerar-se "como nascido ali". Todas essas experiências de vida marcaram-lhe fundo a sensibilidade aberta. E resultaram, a contar de poucos meses após sua chegada a Nhu-Porã, nos poemas que viriam a integrar “Cantigas do Tempo Velho”, na sua totalidade, e em outros que foram aproveitados em “Viola de Canto Largo” e “Caminhos de Viramundo”. O Movimento Tradicionalista, eclodido em 1947, estava em ponto de ebulição e Rillo, que continuava publicando seus poemas - agora no gênero regionalista - na imprensa de Porto Alegre, se alteava, ao lado de Jayme Caetano Braun e Glaucus Saraiva, como uma das grandes vozes de exaltação à tradição, que renascia como culto.
*Rillo não quis voltar a Porto Alegre. Havia bebido água do Uruguai, São Borja o enfeitiçara com seu jeito de bugra. Em setembro de 1958 mudou-se para a sede do município. Chegava o poeta, após cinco anos no interior rural, à cidade onde residiu, a que lhe concedeu, em 1982, no tricentenário de sua fundação histórica, o título de Cidadão São-Borjense. Casou-se com Suzy, e nasceram Leliana, Clarissa, Cláudia e Synara. Pouco após sua transferência para a cidade a Editora Globo, em meados de 1959, lançava sua primeira obra, “Cantigas do Tempo Velho”, com crítica especializada, e com ampla recepção pública, tanto que o livro, durante várias quinzenas, foi o mais vendido na Livraria do Globo, em Porto Alegre. Era o começo de uma carreira literária que se impôs à medida do tempo, dividida entre textos para teatro, poesia e mais adiante, a contar do lançamento de “Viagem ao Tempo do Pai”, também no campo da prosa. Neste gênero os “Rapa de Tacho, de 1 a 3”, causos gauchescos, foram dos mais expressivos sucessos de venda no campo editorial gaúcho, somando hoje 70 mil exemplares vendidos.
*O merecimento literário de Rillo valeu-lhe uma cadeira na Academia Rio-Grandense de Letras, em 1981, além de um sem-número de títulos, láureas e prêmios - dentre os quais se ressalta o Prêmio Ilha de Laytano, em 1980, conferido, segundo seu regulamento, a mais importante obra sobre assuntos do Rio Grande do Sul lançada no biênio - no caso a “Já se vieram!” - tradição, folclore e a atualidade da cancha-reta no RS, editada pelo Instituto de Tradições e Folclore do Estado do Rio Grande do Sul.
*A contar de 1962 - ano em que fundou, com amigos, o até hoje atuante grupo de arte “Os Angüeras”, de São Borja, Rillo veio se destacando como um dos mais importantes compositores-letristas do meio musical gaúcho. Autor, hoje, de cerca de 50 composições em disco, com parceiros musicistas da relevância de José Bicca, Luiz Carlos Borges, Mário Barbará, Pedro Ortaça, Cenair Maicá, Noel Guarany e outros deste naipe, o poeta será talvez o maior vencedor de festivais de música nativista no Rio Grande do Sul.
*Com os Angüeras, de 1971 a 1975, recebeu expressivas colocações na Califórnia da Canção Gaúcha, em Uruguaiana. Foi o grande vencedor deste evento em 1975, com “Roda-Canto”, musicada por Mário Barbará, havendo a dupla, na oportunidade, recebido nada menos que cinco premiações pela mesma composição. Ainda com Barbará, foi o vencedor da Linha Campeira em 1976 e 1977, e da Linha de Manifestação Rio-Grandense em 1978, na mesma Califórnia da Canção. Venceu, com Luiz Carlos Borges como parceiro, a I Ronda da Canção de Alegrete, em 1980; a III Vindima da Canção de Flores da Cunha, em 1982 e a V Vigília do Canto Gaúcho, de Cachoeira do Sul em 1986. É autor, com música de José Bicca, dos hinos oficiais dos municípios de São Borja e Cerro Largo. No gênero popular tem parcerias com o grande compositor Túlio Piva e, com músicas suas e de outros parceiros, venceu por várias vezes o Festival de Músicas para o Carnaval, que São Borja realiza anualmente desde 1969.
Como jurado de festivais, Silva Rillo atuou por três vezes na Califórnia da Canção de Uruguaiana; por duas vezes no Musicanto de Santa Rosa e na Coxilha Nativista de Cruz Alta e, por uma vez, na extinta Tertúlia Nativista de Santa Maria, e na Vigília da Canção de Cachoeira do Sul. Além destes, integrou a Comissão Julgadora de vários outros festivais, em Santo Ângelo, Porto Alegre (Festival do Tchê!), Caíbaté, Tucunduva, Itaqui, São Luiz Gonzaga e em São Borja, sua terra adotiva.
A música “Cantiga de Rio e Remo”, citada no início desta reportagem, está em processo de folclorização. Uma obra para ser considerada folclórica, deve conter alguns aspectos para caracterizar-se. Deve ser transmitida oralmente de geração para geração e ser isenta de autor. Bicca acredita que esta canção, dentro de alguns anos cairá no domínio público e seus autores não serão mais lembrados pelos seus transmissores. A partir daí, passa a ser considerada obra folclórica.
Segundo seus amigos, Rillo era uma pessoa sem empatia alguma, com semblante fechado e cenho cerrado. Quem não o conhecia, o mal-dizia. Porém quem era seu amigo, sabia que não existia pessoa de melhor coração. Desprovido de bens materiais fúteis, adquiria o estritamente necessário para viver, segundo Marco Antônio Loguércio, seu genro. Loguércio dizia também, da facilidade com que Rillo escrevia. Enxergava poesia em tudo o que o rodeava, além de sua memória impecável e Q.I. altíssimo. Considerado um oleiro das palavras, a moldava com carinho como se fosse barro e cantou tudo o que há dentro do RS. Alguns dos seus poemas mais bonitos foram escritos em questão de minutos, tais como: “Vidro dos Olhos” e “Vertente, Caminho e Foz”. Rillo vem no rastro de Aureliano de Figueiredo Pinto, poeta e precursor da intelectualidade poética regional. Contemporâneo de Antônio Augusto Ferreira, Jayme Caetano Braun e Colmar Duarte, poetas do mais alto calão que enriqueceram, juntamente com Rillo, a cultura poética gaúcha, nos deixando um legado cantado até nossos dias, desde as metrópoles até os mais longínquos rincões do Rio Grande do Sul. É seguido também por nomes da nova geração da poesia, como Gujo Teixeira e Rodrigo Bauer. A ausência deste angüera é sentida em todo o Estado, principalmente em São Borja. É uma lacuna impreenchível nos anais da cultura gaúcha

* retirado de
http://www.paginadogaucho.com.br

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Um Angüera ainda firme


Um dos últimos componentes de um dos principais grupos do RS, “Os Angüeras”, falou de si, do grupo e de seu amigo Rillo

Um dos fundadores do Grupo Amador de Arte “Os Angüeras”, José Lewis Bicca, me recebeu em sua residência na cidade de São Borja para nos fornecer informações sobre a história da música gaúcha, e claro, sobre suas obras e de seu parceiro, amigo e compadre Apparício Silva Rillo. Em sua oficina desorganizada, medindo a temperatura da água do mate em um termômetro digital, numa mesa com microfone para falar no rádio amador, Bicca, com a fala debilitada devido a um câncer retirado da tireóide, contou do princípio até nossos dias, sobre sua vida na música e também sobre o Grupo Amador de Arte “Os Angüeras”, revelando peculiaridades até hoje não sabidas por muitos artistas do meio.
- Fundamos Os Angüeras em 10 de Março de 1962. Eu, Telmo de Lima Freitas, Apparício Silva Rillo, Sadi Santiago (Capincho), Darvey Orenga, Vicente Goulart e Carlos Moreno (Pimpim). Queríamos cantar a nossa terra, mas iríamos cantar o quê? Teixeirinha? Não. Não havia repertório de música gaúcha como existe hoje. Então resolvemos compor nossas próprias canções, diz Bicca. O nome “Angüera” foi idealizado por Rillo e significa “espírito que volta” ou “alma que se devolve ao corpo”.
Tudo começou em 1961, quando Bicca chegou em São Borja vindo de Cachoeira do Sul. Bicca, por incrível que pareça, não tinha vínculo com a cultura gaúcha antes de chegar aqui, vindo a se tornar um dos maiores nomes do meio na atualidade. Em Cachoeira, Bicca era jogador de basquete, e ao chegar em São Borja fundou o “Clube dos Dez”, grupo de amigos dispostos a praticar e divulgar o esporte pouco difundido. Reuniram amigos, compraram bolas, construíram tabelas e começaram a treinar. O 2º Regimento de Cavalaria João Manuel também tinha um time de basquete, e assim começaram a realizar jogos entre si. Na década de 60, durante a ditadura militar, os militares obviamente não admitiam perder para os civis, e a rivalidade entre eles crescia. Por algum tempo disputaram partidas, e tendo em vista a pouca adesão dos moradores ao esporte, o time terminou e outra vontade floresceu entre eles: o gosto pela música.
Numa época em que “Os Beatles” reinavam no mundo inteiro, esses jovens, contrários a cantarem em inglês, a repetir Teixeirinha e a bossa nova carioca, decidiram fazer sua própria música, cantar seu cotidiano, sua terra e seus costumes.
Com a poesia de Rillo por esteio, surgiu “Os Angüeras” (nome sugerido pelo próprio Rillo), composto pelos nomes já citados. A primeira parceria entre Rillo e Bicca foi “Valsinha de Trazontonte”. Ao receber a letra, disse Bicca:
- Mas eu nunca fiz música.
Rillo respondeu:
- Não fez, mas vai fazer.
E assim, viriam dezenas de outras parcerias, entre as mais conhecidas estão: “Cantiga de Rio e Remo” (canção que está em processo de folclorização) e “João Campeiro”.
Um hábito entre ambos acontecia naturalmente antes de cada composição em parceira. Rillo colocava sua letra dobrada no bolso de Bicca, que a lia, e, se achasse que era possível musicá-la, dobrava novamente e colocava de volta em seu bolso. Se, ao ler, Bicca não se identificava com a temática ou não via possibilidades de fazer a música, dobrava e devolvia para o bolso de Rillo.
- O que ocorreu no Rio de Janeiro, com a criação da bossa nova por Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Chico Buarque, entre outros, ocorreu também aqui no sul, com a poesia de Rillo e a música de “Os Angüeras”. A música regional foi intelectualizada por estes, e não devem nada em qualidade para a bossa nova, diz Marco Antônio Loguércio, genro de Rillo e organizador do Festival da Barranca.
Bicca atualmente não participa mais dos festivais nativistas do estado, com exceção do Festival da Barranca. Tendo participado das primeiras Calífórnias de Uruguaiana, diz existir muita deslealdade entre os participantes atuais. Com Os Angüeras, lançaram 2 cds: “Sinhá Querência” em 1975 com músicas como Tropa Miúda, Fio de Bigode e Canoa Vai e “Cantos de Pampa e Rio” em 1995 com canções como Romance de Blau, Vida é Jogo, Jogo é Sorte e O Homem e o Rio.
- Em 2015 gravamos o próximo, brinca José Bicca.
Recentemente gravou um cd chamado “Irmãos de Arte”, com letras de Rillo e músicas e interpretações suas, recolhendo obras esquecidas do Festival da Barranca, trazendo obras como: Barranca Como La Vejo, Valsinha de Trazontonte (primeira parceria) e Milonga do Solitário, e diz que em breve gravará outro, com a mesma fórmula.
Bicca, mora em São Borja até hoje, casado, aposentado, pai de 3 filhos, tem em sua oficina um passatempo, reinventando coisas como: janelas com roldanas e caixas para guardar materiais de acampamento. Ainda canta e toca violão no grupo, que durante o mês de Julho realizou uma turnê universitária, pelas cidades de Porto Alegre, Pelotas, São Leopoldo e Caxias do Sul, juntamente com nomes como Mário Bárbara, Yamandú Costa e Renato Borghetti.
O Festival da Barranca é um evento musical que acontece anualmente às margens do Rio Uruguai em São Borja durante a semana santa, idealizada pelo Grupo Os Angüeras. Reúne compositores, cantores e instrumentistas de todo o estado e também da Argentina, para confraternizar a música e a poesia. O conceito sobre o Festival da Barranca, foi criado por Luís Sérgio Metz, popular Jacaré, que diz que a Barranca é “um comício de espíritos”. Bicca, fundador e organizador, diz que o festival reúne aproximadamente 100 participantes, em caráter competitivo. São sorteados temas na sexta-feira santa, para que os compositores escrevam, musiquem e apresentem no domingo seus trabalhos. O festival confeccionou recentemente seu primeiro cd e DVD, à venda no museu Ergológico do grupo em São Borja. O festival é restrito para homens e só participam convidados.

domingo, 12 de agosto de 2007

Um cantador de cerne e raiz


Um dos cantores mais autênticos e populares do estado vive em São Borja, e convive diariamente com seus fãs

“A terra é tão importante, que cada gaúcho que se preze devia levar um punhado dela dentro do bolso da bombacha”. Esta frase é de Mário Rubens Battanoli de Lima - mais conhecido por Mano Lima – e sintetiza o sentimento de amor a terra pelos gaúchos. Nasceu em 26 de Agosto de 1953 na localidade de Bororé, na época pertencente ao município de Itaqui - atual Maçambará - é um dos cantores mais populares e autênticos do RS. Começou sua carreira em 1989, incentivado pelo amigo e poeta Apparício Silva Rillo. “Eu queria conhecer o Rillo fazia tempo. Um dia assei um churrasco pra ele numa estância em que trabalhava e nos conhecemos”, diz Mano. Mano Lima tem Rillo como um homem iluminado, uma pessoa de um grande coração e exemplo de ser humano. Foi Rillo que o conduziu ao mundo discográfico. Rillo dizia que Mano Lima é uma verdade, o que o deixava muito feliz.
Mano Lima é um filósofo e sábio campeiro, seus versos encontram-se no caderno do universitário e no bilhete escrito errado de um “índio” apaixonado que rabisca para a morena. Sua música está na camioneta a diesel importada do patrão e no assobio do peão de estância campo a à fora ou na encilha. É um dos poucos artistas que vivencia o que canta. Acredita que este é o segredo para um trabalho autêntico e de identidade. A representação nos palcos de ser o que não é, torna-se visível para quem é “gaúcho do lombo do cavalo”, diz.
Filho de Rubens Colombo de Lima e Alba Rita Battanoli de Lima, Mano é pai de Pedro Vargas de Lima, o qual já fez parte do álbum “Quando eu crescer”, cantando na música de mesmo título, composta em homenagem ao filho.
Mano, antes de viver da música era domador e tropeiro. Hoje não doma mais, apenas “ajeita a boca de alguns potro” pelos campos do Rio Grande, e diz que foi graças a gaita que toca, que deixou de ser tropeiro e passou a ser patrão. Possui 10 cds gravados, sendo que o primeiro, “Troveiro do Bororé”, foi o mais vendido entre eles, e a música que mais fez sucesso foi “Como é que tô nesse corpo”. Está preparando seu mais recente cd pela gravadora Acit. Com mais de 10 comunidades no site de relacionamentos “Orkut” e mais de 15 mil participantes entre elas, Mano Lima lida com sua popularidade como se todos fossem seus amigos. Vem realizando shows periodicamente em todo o estado com os acompanhantes: Roque Guarani, Jorge, Yuri e Jonas.
Reunido em família, pai, filho e namorada (foto), em seu singelo e aconchegante galpão, no pátio de sua casa, diante de um fogo de chão e tomando mate na companhia de seus cachorros da raça Chow-chow, Mano concedeu entrevista de maneira informal, falou em valores, amizade e política. Veja a entrevista:

Felipe Severo - Que poeta admiras?
Mano Lima – Apparício Silva Rillo

FS - Cantor?
Mano – Gildo de Freitas pela autenticidade, Teixerinha pelo poder de voz, José Mendes pelo romantismo e o argentino Jorge Cafrune pelo estilo original.

FS – Uma música?
Mano – Timbre de galo, que Apparício compôs para mim.

FS – Como é sua rotina hoje?
Mano – Campo. O campo é a hemoglobina do gaúcho.

FS – E o DVD?
Mano – Sim. Aceito se for de maneira histórica. Ensinando costumes campeiros, como: botar uma tropa n’água, abrir um quarto de ovelha pra colocar nos arreio, etc. Mesclando música e costumes sim, somente musical não.

FS – Porque não participa mais dos festivais de música nativista?
Mano – Admiro muito os festivais. Participei de alguns e ganhei um com a música “Quarto de Ronda”. Penso que a música é para cantar e não para competir. A música é sensibilidade. Hoje vejo nos festivais, muita hostilidade entre os irmãos de profissão.

FS – Qual sua opinião sobre a aculturação dos nossos jovens?
Mano – A mídia influencia muito na conduta do jovem. Penso que a falta de valores é um dos maiores problemas do Brasil.

FS – Qual sua opinião sobre a atual política brasileira e seus escândalos?
Mano – A moral política brasileira deve ser levantada imediatamente. Diminuindo os salários, pensando mais no interesse coletivo, da pátria. Antigamente os políticos tinham mais valor do que hoje. Com a diminuição dos salários, quem se candidatasse estaria realmente interessado em trabalhar em prol de todos. O quadro entre música e política se inverteu. Antigamente o músico era desprivilegiado e o político era respeitado. Hoje é o contrário, o político não tem crédito e a música é respeitada. Vejo que o mal se uniu e o bem se desuniu.

FS – Qual sua opinião sobre o MST?
Mano – A culpa é dos militares atuais. Os bandidos anarquizaram com o exército atual, porque antigamente o exército era exemplo de disciplina. Deixaram que a miséria e a degradação do ser humano fosse tomando conta. Então isso tudo (MST) é resultado. A reforma agrária da maneira atual é um erro. É fruto dessa desordem no país, da prepotência e da falta de humildade de quem se “adona” de tudo e esquece dos outros. Bom seria que cada um que conquistasse seu pedaço de terra como eu conquistei, através do trabalho, sem receber título de nada, mas que conquistasse um lugar no mundo. “Ensine a pescar e não dê o peixe” - diz na Bíblia - para não tirar do homem o que há de melhor nele, que é a sua auto-estima. Mas como nada disso acontece, torcemos por uma reforma agrária bem feita, ou seja, a maior reforma que deve ser feita é na cabeça das pessoas, com educação e ensinando a trabalhar, através de escolas agrícolas. Pois como vou matar a fome de alguém dando um boi, se esse alguém não sabe ao menos carneá-lo? Não defendo os estancieiros, eles são os causadores pelo mal que aí está. O capitalismo selvagem e o comunismo, um é filhote do outro. A mágoa vem da prepotência. Por isso a reforma maior a ser feita é a do ser humano. Como nosso exemplo vem de cima, tem que reformar primeiro os políticos.

FS – Existe uma comunidade no Orkut que se chama “Mano Lima para governador”, isto seria possível?
Mano – Se meu povo disser que devo ir, eu vou. E fico entretendo o diabo para que eles fiquem com Deus.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

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